Sono
e são horas tempo de estar só comigo com a noite e um teto que não me deixa ver as estrelas uma preguiça que me prende ao calor da cama uma vontade passiva de fazer algo, fazendo o mesmo respiro fundo, tão fundo que me dói o peito bocejo, bocejo tanto que me desfaço em neutras lágrimas ouço vozes suaves desconhecidas, suaves por não as conhecer acompanhadas de batuques, cordas, sopros, ritmos hipnotizantes adormeço de olhos abertos e escrevo sem rumo, descrevendo transe e em transe sinto-me só e balbuciando, disparo frases perdidas, sem caminho nem tino mas cheias de sede, famintas, trepam as paredes, escapam pelas janelas, correm pelas ruas e finalmente morrem sem mestre este continua no calor da cama, sem ver as estrelas, ouvindo vozes, entre lágrimas, bocejos e solidão. adormeço para amanhã acordar. adormeço para amanhã adormecer.
